sexta-feira, fevereiro 14, 2014

"Dance Me To The End of Love" Leonard Cohen




Em Dia de Namorados, entre " Puta que pariu o Amor " e o realismo coheniano, escolhi a Poesia, a utopia...

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

UM DIA FRIO... (2)


                                                                       A fair puritan                                                                                                                                               ( Percy Moran )                                                                                                                                                                                                                                           A História humana deu - nos a conhecer o resultado das revoluções e as ideias que as antecederam que as enformaram como leitmotiv   para as acções libertadoras que se seguiram.Seria fastidioso trazê - las a este texto...
Hoje pratica - se o conformismo civilizado ancorado na fé, esperança, caridade, temperança, que a nova religiosidade transposta pelos  pregadores da nova Ordem nos exige na aceitação colaboracionista com a infelicidade da vida, com a promessa  de alvoradas radiosas para amanhã.

 Austeridade, essa doutrina perigosa, como já denunciada por Mark Blyth, o braço armado da recomposição do sistema após cada colapso ( empanturramento até ao vómito...) induzido pelo laissez faire sem controlo com que títeres políticos democráticamente eleitos, desavisados ou corrompidos apoiam sem rebuços.

O olhar distante da Filosofia, hoje práticamente varrido das Academias, reduziu - se à História das Ideias Filosóficas e fechou - se em si mesma numa redoma nostálgica de tempos gloriosos. Alguém disse já que não haveria pior crime num pensador que não se sentisse do SEU tempo.
A Filosofia fica - se actualmente na apologia da memória, parou num tempo em que o Tempo se expande, sem pausa para reflexão sobre o que lhe foi matéria de reflexão profunda. E desistiu de questionar..., num território que lhe é, por outro lado,  quase virgem, fascinado e derrotado pela inovação tecnológica com respostas à distância de um clique.

Marx, o último pensador da acção feita Ideia ou Ideia feita acção, como se queira, procurou a conciliação filosófica com um território novo e transformou o mundo. O que seria se tivesse tido os meios que o Pensamento tem hoje ao dispôr? Não aconteceria Stalin e a tensão social transformadora que equilibra, de facto, as nações, não se teria transformado nesse embuste histórico em que a Democracia se está a transformar, capturada e esvaziada, paulatinamente, civilizadamente, com reformas sobre reformas,  num medonho edifício burocrático. 

Não admira, pois, que os puristas, o Club metafísico o tivesse reduzido à categoria de pensador menor, evidentemente numa lógica elitista e separada da Vida e da ralé, onde os altos espíritos normalmente se alojam. Cúmplices, portanto, da situação irónica e desprestigiante onde se encontram hoje, só deram armas aos doers  para os demolir e reduzi - los à insignificância actual.
Tarda o abanão na diletância narcísica de uma narrativa filosófica da qual se exige a responsabilidade assumida pelo Iluminismo.
A fantástica contribuição com que, com altos e baixos, nos trouxe até aqui não pode parar. A História não acabou, é preciso adicionar o espírito à substância. JÁ! 
    
É que as consequências de tão longa letargia já fedem por todos os lados...         

terça-feira, fevereiro 11, 2014

UM DIA FRIO...( I )

                     
                                                       A persistência da memória -. DALI

O que mais me choca no " embasbacamento " actual do Pensamento, da criação filosófica, perante a selvática invasão mediática da Opinião, é o seu conformismo perante a solidificação de falsidades, das quais a sua  imunidade analítica o põe a salvo. E está a viver bem com isso...

O mais extraordinário dessa " dissidência ", que desejo também ela, ser uma falsa opinião, é reflectido pela origem das interrogações que hoje se põem na aventura do humano e das sociedades.
É que as questões que não têm sido postas pela Razão esclarecida e esclarecedora  à História acabada da Democracia liberal, estão a ser levantadas pelo povo.

Fukuyama, o formulador do conceito defendeu - se da interpretação, a seu ver redutora, que foi dada à sua contextualização nitzscheana do homem terminal à luz das perspectivas históricas que a demolição e colapso da doutrinação marxista na antiga União Soviética e malgré lui, da China maoista, permitiu avaliar.
Contudo, a realidade emergente associada à victória da propagação do way of life ocidental parece estar a dar razão, pela dinâmica, aparentemente imparável que a nova Globalização plutocrata carrega, às teses últimas e não expressas pelo pensador americano.

Há resistências, também elas globais, ao fim da História, e os maiores perigos aos portadores das bandeiras liberais, ( urge inventar um outro nome que não ofenda os liberais... ) à nova doutrinação triunfante, crescem dentro do Ocidente.
A implosão acontecerá inevitávelmente ( o calendário histórico contém imprevisibilidades temporais que a memória guardou... ) à medida em que as questões que as bases da pirâmide estão a formular se vão crescendo; por enquanto erráticas e sectoriais para se tornarem conceptualmente enquadradas no estupor caótico que hoje as enfraquece.

Na Natureza, as mudanças prefiguram, real ou metafóricamente, violência. Nas sociedades humanas, a Razão, de émulo inicial do Caos, passa à organização da ordem na reformulação do antigo. E escolhe as reformas na descontinuidade instalada.
Acontece que hoje, a violência é propriedade do Estado que sobre ela legisla, não em defesa própria ( a PAX europeia é um facto ) mas em protecção despudorada do poder; hoje sabe - se quase instintivamente onde ele se situa.
Também acontece que o esclarecimento está a desvendar a sua face embusteira escondida atrás das máscaras filistinas e verve pacificadora.

continuaremos...

domingo, fevereiro 09, 2014

MIRÓ



Mirabolantes peripécias envolvem a discussão sobre a alienação por parte do Estado português dos garatujos, borrões, enfim, activos, representados pelos quadros do pintor catalão Joan Miró a quem der mais.
Se a publicidade à volta do caso se tornou benéfica para o Estado na valorização das obras do pintor, que passou agruras, caso estivesse vivo agradeceria o desvelo da valorização artística dos seus quadros. Claro que a questão não é esta... Adiante...

Passando por cima de uma discussão acabada - para o Governo actual tudo tem um preço - que o comércio despudorado e frio do património nacional, o material, o cultural, o territorial, o espiritual, o intelectual, também esse, os quadros de Miró, ainda por cima estrangeiro, não poderiam escapar à visão mercantilista de, convenhamos, um país falido.
A falência que o montante da dívida contempla, já se disse, acaba por ser um alibi virtuoso fácilmente entendido por esse universo contabilístico formatado em prol desse entendimento.

Da mesma maneira que para uma sociedade ser livre seja preciso uma ordenação jurídica e mental que permita o pleno uso das capacidades racionais num pensamento sem peias de proibição, fácil tem sido a expansão da nova ordem religiosa de adoração ao omnipresente Consumo. A posse do dinheiro e o crédito fazem o resto. Simples...
Toda a gente, TUDO, se torna vendável consoante a moeda de transacção nesse espaço onde o dinheiro contaminou  tudo e sobre tudo exerce o seu domínio e fascinação. Toda a gente sabe disso; nem toda a gente aceita isso, porém...
A questão Miró vale pela carga simbólica, pelo diagnóstico que os sintomas produzidos pelo governo actual, onde nenhum elemento é inocente no seu contributo activo e militante, permitem extrapolar. É nas margens dessas extrapolações, por razões óbvias, que a polémica se instalou e ainda bem.

A mim permitiu - me mais uma visão esclarecedora do país pensante e conhecer mais um pouco quem leio.

E vai um contributo meu para o Governo. 

Os painéis de S. Vicente dariam uma pipa de massa se fossem acrescentados ao lote de Miró.
Porque não?
Aceitam - se controvérsias...