segunda-feira, agosto 22, 2005

INCÊNDIO

se conseguires entrar em casa e
alguém estiver em fogo na tua cama
e a sombra de uma cidade surgir na cera do soalho
e do tecto cair uma chuva brilhante
contínua e miudinha - não te assustes

são os teus antepassados que por um momento
se levantaram da inércia dos séculos e vêm
visitar-te


diz-lhes que vives junto ao mar onde
zarpam navios carregados com medos
do fim do mundo - diz-lhes que se consumiu
a morada de uma vida inteira e pede-lhes
para murmurarem uma última canção para os olhos
e aormece sem lágrimas - com eles no chão

Al Berto (1948-1997)
O medo

domingo, agosto 21, 2005

O VAZIO... O NÃO TER NADA A DIZER, A DELIQUESCÊNCIA DO ESTIO E ESSA LUZ QUE NÃO ME DEIXA PENSAR... ESSES CORPOS DESNUDOS, SEXOS DE VIDRO EXIGENTES DE PASMO E CONTEMPLAÇÃO, E ESSA SEDE... AH! ESTA SEDE...