sábado, abril 16, 2011

CARRILLADAS...

A narrativa histórica está sempre refém da " credibilidade " do narrador e NUNCA dos sujeitos da História, independentemente das concepções que A interpreta enfatizando o individual ou o colectivo.

A interpretação " interesseira " da História feita pelos políticos não " enforma " a História nem A " deforma "; fá -LA - ia, em princípio, em conjunto com o colectivo que os pôs na liderança de uma " específica " realidade,com uma definição interpretativa que as projecções políticas, truísticamente " deformadoras ", exigem.

Num tempo em que a " tempestade " social, económica e política criada pela Cleptocracia financeira, hoje sujeito da História, enquanto criador de " factos " que marcam a narrativa das nações, reduzir a marcha da História ao intérprete Sócrates, mesmo com a determinação e o protagonismo nunca enjeitado com que " enfrentou ", em cumplicidade democrática, pois claro, um país preso culturalmente aos seus atavismos, e a uma " urdidura " conceptual, bastamente denunciada pelos não-cúmplices dos FACTOS, aos quais se exigiria uma cumplicidade activa e carrillada, ao martelo demolidor de THOR, é obra.

Quando Carrillo fala de " erros de governação " está a referir - se a quê? Subtraindo à sua opinião e é disso que se trata,o conjunto de circunstâncias que acompanharam e moldaram, quase diàriamente esses dois anos de governação socialista num espaço conservador e reaccionário como o é a Europa hoje,é de uma desonestidade intelectual desinteressante a que a sua condição de " filósofo " traiu.

Do seu a seu dono, a avaliação " temporalizada " dos mandatos PS e das suas lideranças, essas sim históricamente escrutináveis, que nenhuma azia existencial ou política desmerecerá o seu contributo, REPITO E SUBLINHO, dentro do sistema e regime onde se exercitaram, será feita um dia, consoante as concepções da História veiculadas pelos seus narradores e quiçá pelos seus intérpretes.
Os " estados de alma ", como os que últimamente Carrillo tem dado à estampa, deveriam ser sempre registadas como confissões e não como análises, deformadoras de factos, que como qualquer filósofo sabe, resultaria SEMPRE na interpretação de um REAL, não necessária e relativamente subjectiva mas inserida num contexto, nunca negligenciável, de uma objectividade, essa sim mensurável e posto em números, ou actos, ou discurso. Os economistas usam este método...;a Realidade, outro...

Acontece, porém, que a Política deve estar para além e é muito mais do que ISSO.

O " quietismo ", mesmo que inquisitivo, não substituirá JAMAIS a Acção, mesmo que tentada e falhada.



A

SINGULARIDADES...


Teixeira dos Santos, o Ministro das Finanças do Estado Português tem TODAS AS RAZÕES para andar de cara fechada.
Aos poucos vai - se tornando cada vez mais claro que Portugal estava " marcado " pela pirataria financeira, ( nas palavras felizes de um dirigente líbio, a propósito do congelamento dos seus depósitos pelos governos ocidentais )como a próxima vítima do Capital financeiro no obsceno jogo de roleta com que se compraz em desfastio e alarvidade.

Nesse meio amoral, de vez em quando tropeçamos, surpresos mas não ingénuos,com posições no mínimo singulares como a manifestada pelo economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard,contra as pretensões de Bruxelas(!|!!???) que defendendo juros baixos para o empréstimo suscitado pelo pedido de ajuda externa de um país que procurava SÓZINHO, resolver os problemas que lhe eram impostas pela demência que se apoderou do Mercado por via da Globalização,dizia que " estes programas ( de resgate ) estão a ser muito bons negócios para os países que emprestam dinheiro ..."...

Está tudo muito claro. A Europa, como se viu no caso da Grécia, ( pouco importam as tentativas falhadas e os erros cometidos na " transformação " de uma cultura de séculos por outros paradigmas que uma territorialidade interiorizou fundo na alma grega, irlandesa ou portuguesa, espanhola ou italiana ) Irlanda e agora Portugal e quiçá Espanha, Itália, vai - se revelando como um cínico projecto de controlo e poder, exercido por uma mentalidade fria e fechada onde a " alegria de viver " se reduz à sorumbática hibernação que a latitude impõe nos biorrítmos nórdicos.

Este choque de culturas ( não, não há uma Cultura Europeia, como a história das suas nações atesta. Há sim, uma Cultura Mediterrânica e um mundo descoberto e habitado por ELA e as outras...) difícilmente resultaria e difícilmente resultará num espaço que hoje só tem uma coisa em comum - o EURO, o vil metal.

quarta-feira, abril 13, 2011

POR ONDE PÁRA O ORGULHO NACIONAL?

Relendo C.Ferreira Alves in " Rebranding Portugal " (Expresso/Única 9/4/11), onde, entre considerações patetas de alguns dos nossos " irmãos " brasileiros, que de PIGS, onde hoje nos encontramos passaram a PRIC's e já g(l)osam uma anexação do velho e depauperado pai,não pude deixar de fazer um paralelismo com a situação portuguesa relatada por Pilar Vásquez Cuesta em A Língua e Culturas portuguesas no tempo dos Filipes e a " preparação ", consciente do que a elite lusitana de então fez em prol da anexação de Portugal por Castela.

As " massas ", essas foram aliciadas e amolecidas à custa de uma diglossia militante difundida com o apadrinhamento e cumplicidade activa dos dramaturgos nacionais e de grupos de saltimbancos do outro lado.
A nobreza, deslumbrada com o brilho da Corte espanhola e as prebendas patrimoniais que a lealdade pressupunha já estava " pronta " há décadas atrás. O Comércio, exultava...

No Portugal de hoje, o acordo ortográfico, acompanhado da massificação telenovelesca brasileira, são sintomas de uma lassidão cultural e psicológica no corpo identitário luso, que antecedido pelo fatalismo redutor pós - colonial que devolveu o País às suas fronteira originais, " encolheu " o indivíduo a uma formatação caracteriológica onde a recusa do livre-arbítrio foi substituída por um " estado de consciência" que formalizou a Liberdade reconquistada no 25 de Abril numa orfandade mítica, onde a protecção, representada pelas botas de Salazar,lhes foi suprimida. Só se reencontrou nos " autoritarismos " democráticos de alguma das suas figuras que emergiram até hoje.
Tenho por mim que o cidadão português deixou - se de se ver como parte importante de um todo, que ele não se consegue situar em qualquer projecto nacional, que ele não se reconhece quando olha para si.

O resto da história está a acontecer hoje, numa das suas maiores crises de sempre.
A sua elite abraçou deslumbrada um projecto em andamento - a Europa - enquanto uma parte do seu povo ainda estava em ÁFRICA, presa à memória senhorial, indolente e intelectualmente inerme,a outra parte espartilhada pelo resto do mundo, bebendo de novas fontes enquanto na mãe-Pátria se reajustava consigo próprio e com a sua epopeia construída e herdada e que ELA destruiu, objectivamente.

Nos tempos modernos,onde os paradigmas que marcam o curso da História estão balizados pelo Sistema Capitalista, o livre-arbítrio tem, dentro dos conceitos formais e políticos da Liberdade, um significado que os ultrapassam. Ele implica uma responsabilização pessoal e concreta do indivíduo com a sua vida, inserida NECESSÁRIAMENTE num todo que lhe dará um sentido que o ultrapassa. E não é um mero " estado de alma ", terá de ser promovido através de acções decididas, pela progressão material e espiritual do " EU " como elo CONSCIENTE de um todo.

Os adventos inevitáveis que estão aí serão um teste decisivo que confirmarão ou não se Portugal não precisará mesmo de um " Rebranding ".

terça-feira, abril 12, 2011

BENFICA

Já toda a gente, excepto o FCP, disse o que tinha a dizer sobre o que se passou na Luz.

O inqualificável apagão com que a azia da derrota brindou os merecedíssimos novos campeões nacionais, reduziu o Glorioso a um clube de bairro e retirou - lhe toda a credibilidade de se mostrar diferente no panorama clubístico nacional. Afinal é como os outros... É mais um, lamentávelmente mais um....

A maior parte dos adeptos deve ter achado muita graça ao acontecido, eu não... e até que o Benfica ( falo da Direcção, evidentemente )emende a mão e seja coerente, principalmente nos momentos de derrota desportiva, com os valores que deplora a ausência no rival nortenho,não terá nenhuma credibilidade em brandi - los como referência.

" À mulher do César não chega parecer honesta, tem de o ser... ", essa e não a outra, terá de ser a posição do GLORIOSO, apagando de vez da nossa memória o lado " negro " exibido num estádio que é da LUZ.

FERNANDO NOBRE


O " contágio " foi fulminante. Não é impunemente que se apanham " banhos " ao ego e se mantém as convicções e a coerência. A sua decisão, no pleno uso da sua liberdade, foi lamentável, pela negação do que há pouco tempo proclamava aos quatro ventos em alto e bom som - a sua independência e uma recusa férrea de pertencer ou fazer parte dessa " corja ", duramente atacada.

Uma farsa, desmascarada à primeira " tentação ", deplorava Louçã.

Para mim, prestou um péssimo serviço e um lamentável exemplo para a causa da " independência " partidária. São TODOS IGUAIS - continuará a proclamar o ZÉ, com razões fundamentadas, de cada vez que outros Nobres aparecerem a exibir diferenças éticas em relação aos instalados.

ENFIM, o costume...