sexta-feira, janeiro 21, 2011

EU NÃO VOTO CAVACO...

...E passo a explicar o porquê, para lá da questão ideológica, que em essência explicaria e estaria na base de qualquer opção consciente.

A suprema ironia de " tudo isto ", é que uma " ideologia " - o Capitalismo liberal - que travou uma feroz batalha com o comunismo esteja hoje entregue a burocratas, da China aos USA, passando pela Europa e Rússia. O vazio que a tensão social, esvaziada então pelo fim da História, ideológica naturalmente,criou, foi preenchido, sem pudor já, ( ai dos vencidos! )por uma entidade sem rosto, quase etérea - o Mercado, contra a qual a " multidão " de Neri e as " massas " de Gasset se encontra na posição de Quixote.

Voltando a Cavaco, eu não voto Cavaco porque ele é, na essência, um ser desprovido de ideologia, é um BUROCRATA, um funcionário do statu quo, um representante consciente do " Império ", em Portugal.

Não confio nele, como não confio em amorais. Dos imorais conheço os sintomas e a narrativa, por exclusão; dos amorais temo a inconsciência quando sustentada pela ignorância e a hipocrisia quando apoiada no " pragmatismo ".

segunda-feira, janeiro 17, 2011

ORA, AÌ ESTÁ A RAZÃO...

...Da minha ausência de comentários à campanha eleitoral em curso e a minha séria reflexão sobre uma abstenção que diàriamente me tenta trazer à realidade do dever cívico.

Façam o favor de ir ler, com olhos de ver, " PLUMA CAPRICHOSA " de Clara Ferreira Alves do Expresso de sábado, sob o título - Os políticos e os patetas. Está lá tudo e desta vez sem paninhos quentes que a elegância da prosa por vezes atenua em suaves " desabafos ".

Fala - se muito da crise económica e financeira e não se olha para o que se passa ao nosso lado...
Do empobrecimento e decadência da generalidade da " massa cinzenta " nacional têm os MEDIA uma responsabilidade medonha, repetidamente ensaiada por aqui e por muitas outras " vozes de burro " que ainda não vencidas pelo cansaço, teimam em alertar para a bisonha realidade nacional.

Saramago deplorava a incapacidade progressiva do mundo de hoje REFLECTIR, associando esse descalabro, nas Academias, ao abandono da Filosofia e do gosto pelo raciocínio abstracto.
Tudo isso, associado à trôpega literatura que hoje, sem pudor, se dá, num exercício pungente de narcisismo,a conhecer pelos seus iguais criou um caldo de uma " coisa " que ainda não encontrei uma palavra em português que a definisse. Mas vou a tempo...

É evidente que a Política não poderia passar impune e imune a essa contaminação a montante e a juzante, como causa e efeito desse produto.
Os intelectuais, na sua maioria, abandonaram, " desprezados ", a vida pública. Tornaram - se - lhes penosas as escolhas entre venderem - se ou capitularem -se e exilaram - se para o privado e para o universo, hoje restrito, da Cultura feita impotência.

Fala - se para quem, HOJE? E de QUÊ?