terça-feira, dezembro 10, 2013

EU SOU UM ANARQUISTA!

AOS INTERESSADOS...

...em eventuais contradições no meu discurso activo por estas bandas. Desmamado desde muito cedo, só devo ( deverei? ) ao Estado o usufruto das suas obrigações, para com um cidadão que cumpre com as suas obrigações, sociais, culturais, familiares, intelectuais e... de cidadania. O que não me inibe de lutar, pelo contrário, estimula - me, com as mais - valias que eventualmente possuo, para que ele CUMPRA o DEVER de zelar pelo BEM COMUM com os direitos e só com os direitos que lhe atribuímos E NÃO COM OS DE QUE SE OUTORGA, em favor dos compadrios, das corporações e da BANCA.
Acredito, pelo que tenho testemunhado, que o conceito seja metafísico para as luminárias parasitárias que enxameiam, desgraçadamente, os postos mais elevados da administração dos bens nacionais; nada que um bom abanão realista e não metafórico, como os povos costumam dar quando finalmente despertos, para as curar.
Eu sou pela revolução, utopista como o deveriam ser todos os Homens que ainda não foram completamente domesticados.
Parafraseando Torga, o destino destina, o resto é connosco.

JORNAIS E BLOGS

A Conferência do Expresso dedicada aos Media e Comunicação juntou um bloguista, dois jornalistas/comentadores, um político e o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social ( ERC ).
Diz quem assistiu que houve animação e pelo que respiguei no Expresso passado, controvérsia, como se esperaria de um debate entre cidadãos com dois dedos de testa.
Como se falou de blogues e eu publico posts desde 2003 que ninguém lê, pormenor quase irrelevante para mim, ( podem falar de diletância, o que não corresponderia à verdade e seria uma constatação não fundamentada, apesar do meu aparente alheamento... ) já que, como o xadrez, é-me um exercício de escrita, de falar alto e de intervenção cívica e chega - me.
Voltando à Conferência, tudo o que foi dito por cada um dos protagonistas corresponde a uma parte da realidade nacional no que diz respeito aos jornais, aos jornalistas e aos blogues.
 O mau jornalismo apontado por Rui Rio, como um dos " responsáveis pela degradação do regime democrático ", a promiscuidade intriguista entre o jornalismo e a Política funcionando como correias de transmissão de interesses corporativos e políticos apontado por J.Pacheco Pereira, a falta de uma prática de sanções dos jornalistas, o que  lhes dá uma impunidade difamatória inaceitável, digo eu,destilada por fontes orais anónimas, apontada pelo presidente da ERC José Azeredo Lopes e finalmente a reclamação, apodada de absurda por JPP, de H. Monteiro do permanente escrutínio feito aos jornalistas pelo cidadão leitor, fizeram, juntamente com a acusação/aversão do M.Sousa Tavares aos blogues o pleno da substância do exposto.


Só que... e é aí que eu entro, subscrevendo quase ponto por ponto as opiniões expressas, com algumas questões. Afinal, o que é que distingue um jornalista de um bloguista ou um jornalista de um bloguista? A carteira profissional ou escrever num jornal ou jornal? Pacheco Pereira é um bloguista, um comentador televisivo, escreve em jornais e não terá a carteira profissional. Rui Rio, um POLÍTICO pode pôr textos nos jornais, basta querer e o M.S.Tavares só não bloga e acha que os bloguistas " estão a matar o verdadeiro jornalismo ", seja lá o que isso seja para ele. CONFUSOS? EU TAMBÉM...
Para começar, não concordo com M.S.Tavares com a generalização negativa e  abrangente que faz sobra a qualidade dos blogs até porque tinha ao lado um dos mais reputados, respeitados e meritório, por isso criticado, ( só a qualidade merece respeito... ) bloguista nacional.
Considerar que o www.abrupto.blogspot esteja a matar o jornalismo com a sua qualidade evidente, causa - me espanto pelo que de mediocridade e venalidade assistida lavra desse lado que, isso sim, estará a matar o jornalismo medíocre porque, contrariando JPP, o escrutínio EXISTE e faz com que, por exemplo este escrevinhador nunca tenha aberto, por exemplo, as páginas de alguns títulos mediáticos portugueses e também internacionais e nunca deixou de comprar semanalmente outros, como o Expresso.Porquê? Por uma questão de higiene mental, eventualmente a mesma que, apesar de não ter afastado totalmente MST da blogosfera ( só assim saberia eventualmente ajuízar do que por aí vai... )   o repugna.
Chamemos - lhe, para poupar espaço, de engulho elitista para o qual, aparentemente, qualquer jornalista, por o ser, mesmo escrevendo numa linguagem que desconhece, de uma redutora cultura humanista, falho de objectividade que os alinhamentos de toda a ordem condicionam, seria preferível à existência que o bloguista.

E sejamos sinceros, duvido que, apesar da apressada conotação diletante da minha actividade por aqui, que qualquer texto meu por aqui envergonhasse um jornal aonde fosse publicado, para acabar devolvendo, em defesa dos bons blogues, como o acima linkado, com fairplay de um admirador do bom jornalista que M.S.Tavares é, a sua frase recomposta - Por mim, diria que " ... O jornal é o barómetro de saúde dos jornalistas. E quando os jornalistas acabarem, como está a acontecer, duvido que os jornais sobrevivam..." e não " O jornal é o barómetro de saúde do doente. E quando os jornais acabarem, duvido que o jornalismo sobreviva ", como disse.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

REFERÊNCIA II


ÁLVARO CUNHAL

Tenho plena consciência dos eventuais estremecimentos que a conotação entre este extraordinário cidadão português e o hoje,  unânime e justamente homenageado, ( será inteiramente verdade? ) Nelson Mandela, poderá provocar mas não posso, mesmo ultrapassando a escala e a projecção histórica do universo em que cada um deles fez valer o que irremediàvelmente lhes é comum e é muito, apontar uma certa injustiça com que as convicções humanistas de Cunhal ficaram marcadas pela sua condição integral de comunista.

Mesmo que a redutibilidade das etiquetas, de qualquer matiz, empobreça a visão assim limitada, Cunhal entrou na história do século,se não da Humanidade, pelo que transportou na sua luta pela dignidade do Homem, na história da Europa e do seu país.

Os anos de cárcere. as torturas, a firmeza dos ideais, a determinação política e a coragem física e moral na luta pela democracia e contra a exploração do homem pelo homem, a crença na capacidade de superação do ressentimento e vingança, remete - nos, sem legendagem, aos panerígicos com que o universal Mandela é hoje quase beatificado, esquecendo-se, convenientemente, do guerrilheiro e da feroz luta armada legítima, que ele e os companheiros da ANC travaram contra o repugnante status político da África do Sul .

O resultado da luta desses dois personagens históricos, ( e aqui recuso a subjectividade Histórica, o isolamento do sujeito da história dos povos, como sujeitos fautores e não protagonistas orientadores, decifradores, interpretadores das pulsões mais autênticas e socialmente virtuosas do Homem na prossecução do Bem Comum e da sua evolução harmónica, que não o retrocesso ao estado de SOBREVIVÊNCIA ) está aí - a DEMOCRACIA e o dinamismo evolutivo que a devia acompanhar, sob o risco de corrupção.

" Um homem que se transporta como um rei até ao fim, sem perda de vigilância, sem actos míseros, é verdadeiramente grande " - Clara Ferreira Alves

Cunhal bem merecia estas justas palavras se a mesquinhez que deixou morrer Camões à míngua ainda não estivesse tão presente neste jardim à beira mar plantado...