sexta-feira, abril 09, 2004



...Ergo-me aflito da miséria do mundo.
Não basta que me erga ao nível das grosseiras máscaras
ou dos cruzeiros ingénuos de onde houve um crime.


Um crime é esta vida, e a atraiçoada cruz que lhe oferecem:
cruzeiros para povos que se entreolham trémulos,
para homens distantes (não vão eles viver)...),
para mães que não têm a memória da carne,
para sinais do sangue de sacrifícios mal virgens,
para os poetas que buscam um contacto periódico...

A miséria do mundo não existe,
nem o mundo existe:
andamos nós em bando sobre a Terra.
Que o mundo é só a ignorância dos homens,
e a maior miséria dos homens só as palavras que os vivem.


JORGE DE SENA

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