sábado, março 12, 2005

MEMÓRIAS DE BIBLIOTECAS


"Folheando" o Abrupto dos leitores,saltam à memória de homens e mulheres recordações da entrada nesse mundo mágico que são as BIBLIOTECAS,onde o relacionamento com os livros se fez,num fascínio encantatório,que me fez recuar à minha infância,sim,infância...

Em frente da minha casa,na cidade da Praia em Cabo Verde,havia uma Biblioteca Nacional.
Lembro-me,como se fosse hoje,que de cada vez que eu punha os pés para fora de casa,estacar à entrada e ficar aì,hipnotizado pelas lombadas de um corredio de títulos...A entrada era-me interdita dada a minha idade,aì pelos sete ou oito anos...

Até aí as minhas leituras estavam povoadas de heróis como Matt Dillon,Masterson,cowboys de outras eras-Super-homem,Batman e o incortornável Patinhas e companhia,Zé Carioca o sortudo Gastão e o iluminado Prof. Pardal.

Um ano antes,na escola primária por onde andava,descobri que o Mestre tinha,por detrás da vidraça de um armário,uma colecção de fascinantes livros de cor amarela cujos títulos,conhecidos já de cor,me haviam de levar por aventuras jamais sonhadas-SANDOKAN-O tigre da Malásia.Os tigres de Mompracém,etc.etc...

Do meu embasbacamento condooeu-se um dia o meu professor e o 1º volume caiu-me nas mãos e por aí fora numa sucessão frenética de volumes que ávido me transportavam no veleiro do Herói juntamente com João,Kammamuri,Tremal Naik,Patan e os demais tigrezinhos na demanda dos barcos ingleses que habitavam o mar de Malaca...Com eles jurei ódio à administração britânica das ilhas do Bornéu e com o herói afrontando as tempestades medonhas de Java parti em busca de Mariana,a filha do temível Governador inglês.
O cheiro da selva entontecia-me os sentidos e em cada abordagem sentia o meu "kriss" numa dança macabra degolando os inimigos,para no fim morto de cansaço estender-me nas areias brancas de Mompracém...

E eu ali,parado à porta da Biblioteca,afectado já por um vírus sem cura e uma urgência incontrolável...Tantos livros!...

"Prometes não estragar nenhum livro e portares-te bem,sem fazer barulho?"pergunta-me o Sr.Jaime de Figueiredo, o bibliotecário,olhando-me atentamente.Que sim, respondi meio atordoado e entrei...entrei até ao fim dos meus dias,porque desde então nunca se passou um dia em que não tivesse tido um livro nas mãos...

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