domingo, julho 29, 2007

COISAS E LOUSAS...

Gasset, um dos maiores visionários europeus e para mim um dos precursores da Ideia da Europa como uma entidade global de estados federados, analisando os fundamentos da LIDERANÇA política numa Europa pós II G. G. concluia que ela nunca se deveria apoiar-se no poder material ( força das armas ) nem na coacção económica.
Citando exemplos históricos, pela positiva, o Império Romano e pela negativa o Império napoleónico, que apesar do aviso do seu Ministro Talleyrand " Com as bainetas, Sire, pode-se fazer tudo menos uma coisa; sentarmo-nos em cima delas " ,nunca chegou a mandar um dia que seja nos estados invadidos.

Eis-nos em pleno século XXI e comparando as campanhas bélicas das últimas Administrações Americanas, do Vietnam ao Afeganistão e Iraque, sabe-se, parafraseando Ortega, que nunca nenhuma delas se " sentou " na liderança desses países invadidos.

Nas sociedades, continuamos com Gasset, só há ordem ( revolucionária, fundamentalista semi-democrática ou democrática ) quando existe uma OPINIÃO democrática ( no seu sentido lato, acrescento eu ).
E o que é uma opinião democrática? É a opinião que se baseia, em primeiro lugar na aceitação de uma Autoridade por nós sufragada e que se transforma numa opinião Pública.

Acontece que a opinião pública, a existir, nos países onde existe, é um privilégio de Nações, adultas em formação, informação, educação, moralidade.
Nos países em que a " opinião pública " está baseada no eco dos Media, reactiva e negligente, a puerilidade que acompanha a " digestão " dos factos apresentados molda, nessa situação, o gosto pela mesquinhez, pela intriga, pelo voyeurismo e... nivelamentos pela mediocridade.

Não é de admirar portanto, o aparente divórcio entre eleitores e eleitos na sociedade Ocidental.
A não existência, de facto, de uma Opinião Pública ( na minha opinião ela não existe onde não há uma vida pública, que na Europa está em decadência ),explica como a deriva ditatorial dos condicionalismos dos Media, escravos do prime share da primeira página e da pressão editorial, está a moldar, com pobres fundamentos a visão global do Zés- Povinhos do Globo.

Actualmente em Portugal, " o que está a dar " é o anti-socratismo. Para dizer a verdade, não está a dar em nada, mas a moda do anti-poder que os Media crêem alimentar não tem, irónicamente, Eco junto da população. Primeiro pela incapacidade de formulações criticas consistentes e pelo abandono da responsabilidade cívica, perdida na anarquia toleimosa e infantil do NÃO porque sim e que não acrescenta nenhuma mais -valia à capacidade de análise pelos cidadãos do que o Governo que eles elegeram com maioria absoluta está a fazer de positivo para o futuro.

Sem comentários: