quarta-feira, setembro 12, 2007

DA ALMA DE UM POVO...

Aquilino Ribeiro, a propósito dos vários estudos antropológicos e etnográficos feitos sobre o Lusitano, por doutos cientistas da velha Europa, de Oliveira Martins a Keiserling, Fouillé e outros, a par das opiniões e relatos de viagem de outros, lamentava no seu livro " Os avós dos nossos avós " o que ele chamou de " dissonância de Babel " presente nessas reflexões ( !!!? ).

Do " povo triste e melancólico bêbado de fado e saudade ao povo alegre, sobrenadando gloriosamente à tona das agruras da vida, entre o mar azul e céu mais azul ainda; povo de uma imaginação selvagem e de uma bárbara infantilidade, sensual e preguiçoso com uma bela história de piratas e candongueiros e de inverosímel moralidade própria de condottieris e quadrilheiros, a par de ser o povo mais idealista do mundo, doce, brando, sensível, pacífico, rotineiro, supersticioso, humilde até à abjecção, laborioso, honesto embora inculto, inteligência viva mas sem perseverança - EUROPEUS DESTEMPERADOS PELO SANGUE NEGRO... "

E perguntava - " Onde está a verdade? E porque são tão discordes? "


Cá por mim, não existe tal coisa - identidade ou carácter nacional definível para uma nação. Pelo contrário, há sim, uma história pessoal para cada um e que à medida que ela se vai fazendo o indivíduo e posteriormente o somatório dos indivíduos deixa-se transformar por ela.

Tudo isso vem a propósito da " mudança de mentalidade " que o Primeiro Ministro e o seu governo, claro, quer criar na sociedade portuguesa, exactamente na perspectiva dialéctica de influências históricas, a pessoal e a colectiva, actuando decididamente sobre estas na perspectiva de mudar aquelas.
Essa desorganização do " sistema de pensar " como já foi chamado, reorganizando as evidências mentais, pontua-as, enquadrando-as numa constatação evidente ( que não enunciada ): os povos de lingua inglesa são portadores de uma tecnologia e superioridade económica que os tornam nos mais desenvolvidos do mundo e veiculam essa superioridade através do novo sânscrito - a Lingua inglesa.

Não andará muito longe a intenção do Governo ( ou do Sócrates ) ao massificar coercivamente a aprendizagem dessa linguagem portadora de todas as respostas, à luz do que teorizei atrás.
O povo poderá não perder a Alma e ganhará um novo pensar que lhe mudará a atitude ao adquirir conhecimentos que o perspectivará melhor perante o novo Mundo.

O resto está na soberba capacidade de adaptação que TODO o Homem possui.
Esse trabalho encetado pelo Sócrates conscientemente,( o que não faz dele um doutrinário porque é um democrata ) com elevados custos eleitorais,eventualmente, já não poderá ser travado nas suas consequências, porque como disse José Gil no Courrier de 7/9, " Ele já conquistou a legitimação à - posteriori, com a aceitação da maioria dos portugueses."

E a democracia passa essencialmente por aí, apesar da sua natureza conflitual com a NOSSA liberdade.

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