domingo, setembro 20, 2009

P.M versus P.R.

O culto de personalidade, enterrado em Portugal desde a morte do carismático ditador - Salazar, não voltou a encontrar em Portugal quem o substituísse.

Na base dessa empatia com uma personalidade como existiu com o ditador de Santa Comba, cuja origem humilde, modos reservados e avesso à vida pública, desprezada até ao limite de auto - exclusão social, está o reconhecimento de semelhança, que ao povo de então servia como modelo e vanguarda.

No Portugal de hoje não há líderes carismáticos. Por um lado, sendo o EU o centro de toda a actividade pessoal e o Narcisismo como referência ética e política numa deslocação dramática do sentimento de pertença para a auto - comiseração feita ideologia com a falta de qualidade da maioria dos políticos, difícil seria que houvesse lugar para o reconhecimento de qualidades em quem tão claramente o demonstra.

Num país de ressentimentos onde a mistura da Psicologia com a Política cria um relacionamento azedo, pessoalizado, no limite da rejeição física, como os casos de Soares - Eanes, Soares - Cavaco, Sampaio - Santana e hoje Sócrates - Cavaco, Sócrates - M.F.Leite, em que a antipatia pessoal pelo carácter dum e doutro sobrelevam a civilidade que a Democracia exige aos seus actuais e futuros governantes, difícil é a vida do carismático perante a maledicência que os sentimentos pessoais arrastam, em detrimento da racionalidade.

Um exemplo - A governação de Sócrates é referenciada às suas características pessoais, tidas como defeitos. A de Guterres também o foi pelas mesmas razões e contrárias às que se aplicam ao actual. Cavaco foi eleito pelas mesmas razões que levaram à sua queda como P.Ministro - mau avaliador de carácteres.

CONSPIRAÇÕES

Cavaco sabe que tem a reeleição perdida caso Sócrates ganhe as eleições. Tornou - o um inimigo pessoal que lhe responde com igual visão.

Num País de maioria psicológica de esquerda, sabe, ou aconselhado pelos seus assessores, que só a descredibilização e o ataque ao carácter do P.M. lhe trará vantagens perante a massa votante, descrente que agora está no êxito da pupila, políticamente inerme, cuja aposta vai no sentido do aproveitamento dos sentimentos revanchistas do Povo, pela sua negatividade, cuja capacidade de alcance das medidas tomadas em prol do País não passa da largura da sua cintura e da sua carteira.
Conhecedor do papel que vai desempenhar a partir de 29 de Setembro, convém-lhe escorar as bermas.
Ele não é ingénuo, como disse, e nós os votantes que vemos para além da espuma das coisas, também não.

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