sábado, novembro 22, 2014

POLÍTICA, UMA PRÁTICA SUJA?

HOJE É - O, DEFINITIVAMENTE

Nos meus verdes anos de aproximação contestatária à realidade política, então presente na minha terra, hoje um país independente - Cabo Verde - fui cerzindo a minha, hoje memória teórico - política, identidade de cidadão, que com o passar dos anos, já na minha pátria de adopção - Portugal -  se amadureceu durante a revolução de Abril e se decantou numa iluminação irrevogável - Liberdade.

Paradoxalmente, a consciência plena desse Bem obrigou a uma distanciação higiénicamente reflectida sobre A prática política, que uma miríade de disposições ideológicas apresentava por sobre a sua fundamentação teórica, que por outro lado o impulso intelectual e cívico exigiam.
É que, paralelamente, uma definição ética se ostentava e esteve sempre presente nas origens e desenvolvimentos de todas as reflexões que orientavam para a acção política.

A resultante dessa harmonização ético - política procurada face à realidade urgentária e utilitária, resultou numa tensão confrontacional com o discurso do Poder que tanto impele às armas, literalmente, ( é o chamado, latus sensu, terrorismo ), como, em linfatismo hiper reflexivo,  ao contínuo desmascaramento, pela retórica democrática que a livre expressão consagra, da " farsa " em que se auto - representa uma Democracia refém do MERCADO, tremendismo onde se escoam, qual fossa sanitária, o vómito moral que a conspurca.

O Estado, os Estados, nunca estiveram tão fragilizados e os povos, naturalmente, tão submetidos.
As ideias iluministas, capturadas por uma classe moralmente indigente, sim, falo da Burguesia, só se encontram defendidas hoje pelas margens do sistema financeiro Corporativo, hoje em globalização crescente, que consegue a proeza suprema de ter na maioria das suas vítimas, um defensor, à espreita do seu lugar ao sol, enquanto apanha as migalhas que a displicência predatória permite.

Se o maior inimigo para um pensador, na solidão populosa das suas reflexões, fôr, como proclama Bloom, a Indignação, seríamos mentecaptos e a corte dos lacaios, dos conformistas e dos agentes, conscientes e inconscientes do estado das coisas, uns génios.
Antecipando o olhar complacente com que os realistas pragmáticos se costumam debruçar sobre " utopias ", sobre ingenuidades, auto - iluminações ou veladas hipocrisias, com que reduzem tudo à natureza humana, fonte e desígneo intransponível de um marcador maléfico, que na maioria se sufraga, fácil é para quem diz - Não, o Homem e a sua acção, ética, política, económica, são obras em construção e ela não tem de ser naturalmente corrupta e corruptora.

Dois caminhos se perfilam a quem nega e recusa essa história acabada; ou é escorraçado dessa normalidade e torna - se filósofo, ou exila - se em demanda de uma pureza ideológica superior, seja a construcção do novo califado ou o desmantelamento pela fragmentação dos núcleos portadores do conformismo, que são as academias de formação ideológica - os partidos tradicionais - principais cúmplices quando não directamente responsáveis pela manutenção do Status Quo.

Tal é, neste " ancião " que nunca esteve só e numa geração perplexa e desperta para o absurdo feito norma, a visão que a Política, a outrora nobre arte, hoje desperta numa cada vez mais esclarecida juventude.
Consequências? Há muito que foram previstas e estão a acontecer neste momento.
É bom que isso aconteça e... isso sim, se GLOBALIZE!

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