domingo, junho 25, 2017

PORTUGAL a arder... ( II )


RESCALDOS

Todo o foguetório com que se vai tentando imolar o P.S. e o seu ainda curto governo, é no mínimo impudente. Os pedidos de responsabilidade  dos quais se incluem a demissão da ministra da Administração Internas são apressados e prematuros, para não dizer insidiosos.

Mais respeito me merecem as vítimas e o brutal desamparo que enfrentaram. Durante toda a minha vida profissional, que foi longa, conheci de perto, do mais perto que é possível a realidade do campo português, do norte a sul, do este a oeste e... as pessoas e as suas condições de vida e também aí vi o seu abandono, tanto como a sua ligação afectiva ao seu pedaço de terra. O seu desencanto com o progressivo abandono por parte dos descendentes das heranças dos avós era real, tanto como a sua progressiva solidão. 

Outros interesses foram ocupando durante os anos os espaços " abandonados ", diria melhor, alienados, com uma florestação intensiva de eucaliptal e... excepcionalmente, pinheiro bravo. A aventura dos pomares têve - a quem, do espaço necessário possuía ou obteve. A rentabilidade dos terrenos, impossíveis de cultivar, a não ser para a economia e uso doméstico, passou a ser gerida, em massa pelo mundo do " ouro verde ", em desordenamento brutal e massivo, por todo o interior Centro e Norte. Um processo natural, dir - se - ia, com o olhar para o lado de TODA A GENTE.

Estas foram as condições criadas, objectivamente, na propagação devastadora dos fogos. O rastilho, seja ele qual for, natural ou não, se parte do problema, não é, definitivamente, na minha opinião, o cerne da questão.
Adiante...
Associar este governo à nossa responsabilidade global, como se está a tentar fazer, é indecoroso, já o disse. A recorrência, com menos mortos, dessa calamidade, tem décadas e no entanto mantivemos os olhos fechados. 
Para quando, se realmente há interesse no conhecimento da realidade do mundo rural nacional, de modo a racionalizar a sua segurança e a dos seus habitantes, UM CADASTRO TOTAL, repito, inexistente, ou completamente desactualizado, do existente?
Na minha opinião, a par do apagamento dos fogos com mais eficácia, instrumental e humana, esse passo é fundamental. Não, o Google Earth não dá para fazer, sem um curso de interpretação fotográfica, o reconhecimento, pelos leigos, das áreas e cobertura dos terrenos. É que ouvi dizer que é assim que se estão a fazer as coisas. Técnicamente um logro e uma fonte de conflitos, tarde ou cedo. 
É que é assim que as coisas começam... como nos fogos mortais.

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