MARCELO
O populismo civilizado do presidente da República tem, na minha avisada opinião, tanto de pernicioso como de meritório, na contemplação do desiderato democrático que deve aproximar os eleitos dos eleitores.
O acrescido, se como julgo propositado mérito, tem a ver com o desvio de pulsões político-sociais negativas que o lado negro do populismo se prepara para organizar contra os valores humanistas da Democracia. O pernicioso terá a ver com uma responsabilização político-instrumental que fácilmente lhe será assacado quando e se a operacionalidade política do Governo encontrar pela frente obstáculos fortes.
É que a raíz do populismo entronca - se na inferida convicção de uma capacidade de intervenção por parte de actores políticos ou politizados capazes de sobrepujar as complexidades de um regime com nada de redutor e cuja manutenção e acarinhamento nos deve a todos,inclusive aos não - democratas.
Pensar uma liderança liberta das amarras civilizadas das Leis da República e do humanismo dos seus valores, simplificadora da realidade na soltura dos instintos mais básicos da nossa condição e que a Democracia tenta amestrar, é uma contra-revolução reaccionária à qual uma resistência preventiva terá de ser uma obrigação de todos os democratas.
Quero crer, falso, acredito que a diferença entre o populismo plus do presidente e qualquer outro arremesso reaccionário e ou neo-fascista, servirá de equilibrador no cotejo, mesmo que inorgânico e mal esclarecido, entre uma coisa e outra.
RUI RIO
O presidente do P.S.D., partido social-democrata na Oposição, Rui Rio, tem - se recusado a abandonar a matriz social-democrata do partido fundado pelo Sá - Carneiro nos anos quentes da Revolução dos Cravos em Portugal. Com isso deu uma guinada à deriva direitista encetada pelo anterior líder Passos Coelho. A reacção dos passistas, que têm actualmente a maioria no grupo parlamentar saído das últimas eleições tem sido de molde a fragilizar a actual liderança, deplorando a pouca virulência da actual Direcção do partido dirigido por Rui Rio, no ataque político ao partido socialista no poder.
Luís Montenegro, um dos mais importantes chefes-de-fila dessa oposição desabrida surgiu, a três meses das eleições europeias, num lance ainda pouco descortinável dada a sua singularidade política, a desafiar a liderança de Rio, propondo um Congresso extraordinário com uma agenda declarada de deposição da actual liderança.
Tenho por mim que quanto mais a ala passista, hoje liderada por Montenegro e a eminência parda de Relvas, mais os mendistas, teixeiristas, santanistas, etc... se assanharem contra a falta de demagogia de Rio, mais se me reforça a convicção de que o afastamento do pote do Orçamento e as negociatas para os boys, por mais quatro anos, já que parece evidente que esta solução governativa, um Ferrari em velocidade de cruzeiro, com as travagens certas antes das curvas a evitar as derrapagens, está a toldar os valores sociais-democratas do PSD, ou pelo menos de uma minoria maisglutona. É que Rio foi eleito há um ano, apenas...
Agradou - me a reacção do visado...
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