terça-feira, fevereiro 12, 2019

AMAR - TE -EI...

...ATÉ TE MATAR?

DO FEMICÍDIO EM PORTUGAL e... OUTRAS COISAS



" A liberdade dos outros leva a minha ao infinito "- Bakunine


A desconstrução da família tradicional vai deixando um rasto de negatividades que erodiu o campo de controlo da agressividade e alargou, com a independência da mulher, o campo de exercício de uma pulsão natural contida pelo Estado - o da agressividade.

Ora, o Estado, as instituições que lhe dão corpo, suporte, legitimidade, encontra - se hoje, pelo menos em Portugal, na primeira linha como alvo de um ataque sem precedentes, na sua violência implícita, pela sua Função Pública, com uma agenda cirúrgica e dirigida à sua descredibilização ideológica e programática. Dir - se -à ser sina dos Governos nos Estados Democráticos tal desiderato, esse da conflitualidade social; acontece que as movimentações das greves dos magistrados, dos funcionários da Justiça, dos guardas prisionais, dos professores, dos médicos, dos enfermeiros, FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS, das classes mais bem pagas dentro do universo minimalista dos salários em Portugal, são enquadradas politicamente contra o governo de Esquerda que actualmente gere os assuntos de Estado.
Em Portugal, a Função Pública é hoje, através dos seus funcionários, enquadrados pelas suas Ordens ( uma singularidade jurídica ) e de cogumélicos sindicatos representativos, o principal adversário do Estado actual, repito. Com a economia em bom ritmo e o desemprego a um nível baixo e com boas perspectivas futuras, a classe trabalhadora em geral tem andado em relativo sossego.
Assumido que foi pela Direita liberal a frouxidão demagógica do líder do principal partido da Oposição política, Rui Rio, abrem - se novas frentes de confronto com a programação política do Governo socialista em áreas vitais de futuros negócios e empreendedorismo capitalista, como a Saúde, a Educação entre outras.

Mas... perguntarão, o que é que tem toda esta conversa a ver com a morte de dezenas de mulheres, enquadradas no que se generalizou chamar como violência doméstica?

É inegável um rumor surdo de frustração social ( já se notam os marcadores que em paragens outras levaram populismos retrógados ao poder... ) de uma classe média com ambições de grandeza que recusa a solidariedade social em nome do extermínio da pobreza e prefere, ingénuamente, um capitalismo expansivo e sem regras donde se aproveitará das migalhas que antes da ralé lhe cairão ao colo.
Neste caldo pré/pró-populista de projectadas mudanças, como soe dizer - se hoje, em referência a certos desvarios sociais, o campo de disputa territorial e de bens, profissionais, sexuais, dos pequenos poderes, em suma, circunscrito no imaginário viril e hoje também no feminino, vai - se estreitando à medida em que os desafiantes femininos, hoje maioritários, se vão impondo nas suas prerrogativas de PESSOA, enquanto os adereços culturais e humanistas teimam, condicionados por milhares, se não milhões da anos de condicionamento animal e também cultural, em desaparecer.

É evidente que as frustrações naturalizadas - Tento contínuamente demonstrar que o agressor humano é precisamente o que se sente agredido e sente as suas próprias agressões como uma contra - agressão " - Friedrich Hacker - serão sentidas de forma diferente por A,B ou C, consoante a sua história pessoal, pelo que a transversabilidade e incidência da agressão viril fazendo parte do seu ADN, tem de ser observado, pelos educadores e pelos julgadores não só do ponto de vista das aquisições culturais como contextualizados numa história pessoal e... colectiva.

Não se trata da desculpabilização da violência, que as exigências sociais de simplificação condenatória reduzem à psicopatia misógina mas sim uma obrigação, pelo menos no que à Justiça concerne, de uma abordagem mais abrangente do fenómeno generalizadamente apodado de violência doméstica. É que a agressão tem vários disfarces e, na sua expressão física, por contundente, não deveria levar à desvalorização das suas outras faces, tão daninhas, embora não letais mas que despoletantes, pelo verbo e pelo comportamento, possam incrementar em seres afectáveis, reacções desproporcionadas.

A aparente gratuitidade da violência sobre as mulheres tem muito mais que se lhe diga.
A palavra, pois aos especialistas que não à rua, à indignação célere e aos feministas.



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