domingo, dezembro 28, 2003

Falemos de aborto,pois entao,ja que nunca saberemos se eventualmente nao estivemos por ser uma das vitimas.
Parafraseando JAS do Expresso,os cartazes reclamando o DIREITO A VIDA e as T-shirts clamando EU MANDO NA MINHA BARRIGA nao trazem nada de novo a abordagem de um problema social que corre o risco de eternizar-se quando se poe em confronto estas duas verdades tao evidentes.

A pratica do aborto e uma realidade,que tem consequencias,quer queiramos quer nao,positivas para alguns e negativas para outros.
A hipocrisia dos defensores do direito a vida "tout court",como os Populares,e moralmente indefensavel a luz das justificaçoes sobre QUEM deve ter esse direito: o feto ou os seres que dizimam em guerras de conveniencia.

A irresponsabilidade das barrigas nada tem a ver com a irresponsabilidade dos pulmoes dos fumadores.Confundir liberdade individual com o direito de dispor de vidas alheias consoante nos aprouver assemelha-se ao argumento dos outros.Indefensavel moralmente,portanto.

A Democracia,como um conjunto de normas de relacionamento numa sociedade,levantou na sua pratica,problemas de conciliaçao entre a pratica individual e os interesses colectivos,ate hoje nunca resoilvidos.O aborto insere-se,a par de outros nesta problematica,em que as normas mudam consoante as maiorias eleitas e a moral vigente.O relativismo que assolou o racionalismo dominante tinha fatalmente de atingir as normas morais.E atingiu-as de tal maneira que passaram a ser simples praticas comportamentais que variam consoante as justificaçoes subjectivas,que em ultima analise tem a sua validade aferida pelo grau de EMPATIA do meio circundante.
A transitoriedade,exige leis que a contenha nos limites do aceitavel,e isso chama-se BOM-SENSO.

E o que esta a faltar,tambem nessa discussao.

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