sexta-feira, setembro 29, 2006

Da relevância do passado dos adolescentes e...

...na má consciência que inadvertidamente cria no homem adulto, tivemos o exemplo patético, porque desnecessária foi a contricção que só nos revelou a suprema importância que o homem se atribuíu como o Moralizador da sua Pátria. Vergastando durante décadas a consciência dos seus conterrâneos, Gunther Grass mais não fez, durante todo esse tempo do que tentar apagar da sua memória a "peçonha" de ter pertencido às SS.

E por que é que ele teve " necessidade " dessa pública confissão? Porquê agora?

A ideia de que o moralista é um ser que paira acima dos outros mortais sempre foi um conceito bizarro na cabeça dos hipócritas e de quem o ataca pelo seu passado, relevante ou mesquinho.
O moralista é um ser que HOJE se tornou um homem melhor porque reconheceu os seus eventuais erros e os dos outros e não os pratica, de TODO.
A sua ética condu-lo no sentido de um aperfeiçoamento espiritual e humano que ele tenta transmitir a quem ama principalmente e por inércia cívica ao espaço que coabita com os seus semelhantes; daì a sua crítica permanente à amoralidade e mais incisivamente à imoralidade militante dos nossos dias.

Isso não faz dele um santo que acha que deve descascar pùblicamente as cebolas da sua biografia antes que outros lhe apontem erros de adolescência e o façam descer do pedestal que deliberadamente criou para si. Esse foi o seu pecado e não de ter ficado com as mãos sujas de tanto labor culinário.

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