sábado, março 28, 2009

" O fardo da escolha " - H. Raposo - Expresso 28 /3/09

" A tirania com mais êxito não é aquela que usa a força para assegurar a uniformidade mas a que retira a consciência de outras possibilidades, isto é, que faz parecer inconcebível que outros processos sejam viáveis, que retira à consciência a existência de um mundo externo " - BLOOM

Esse foi o grande pecado no processo da fossilização de um regime - o democrático - que teima em não EVOLUIR.

O mimetismo, esse sim acéfalo, que criou esse interminável conformismo em todo o mundo onde vingou, onde os seus " valores " repetidamente postos em causa cá dentro antes de o serem por outros regimes onde a " modernidade " de se criarem alternativas foi vista, cá dentro, como uma ameaça a um modo de vida que se determinou como definitiva, atesta a decadência intelectual que o pensamento único - o " democrático " provocou nos seus cidadãos.

Essa " submissão " que H . Raposo na sua crónica no Expresso de hoje, remete às sociedades e cidadãos teocratizados pelo Islão como solução para a angústia que a Liberdade acarreta, é, de facto, o grande óbice à reforma que a Democracia EXIGE.

Um regime que formata intelectualmente os seus cidadãos com " valores " que, aceites sem resistência, como a ditadura da maioria onde a moralidade se esgota no interesse próprio e é universalmente aceite, onde o lucro é um valor em demanda justificado por si, o Amor se reduz à genitalidade e à Biologia, o sucesso à representação do novo - riquismo do dinheiro e aparições mediáticas, a Racionalidade como mera abstracção diletante de " filósofos ", a Solidariedade ( condição biológica entre todas as espécies gregárias ) como caridade, a Fraternidade, reduzida ao tribalismo geográfico, a Cultura como artefacto residual da Tradição e em que o HOMEM está sózinho perante as suas escolhas sem NENHUMA referência à qual possa remeter a autoridade intelectual e moral dos seus actos, só pode ter como referência a Besta - a Opinião Pública -.

Por mim, sinto - me LIVRE e a angústia que sinto é provocada pela solidariedade biológica que não -racional pela espécie de que faço parte.

É que se racionalizo abstractamente e não em racionalidade, que é outra coisa, a única conclusão a que chego é que a espécie merece a Servidão que a sua Estupidez proclama e aí acabaria a minha solidariedade, já que me sentiria pertencer a Outra espécie que não esta.

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