quinta-feira, junho 20, 2013

VALE TUDO?...

... Pergunta o inefável comentador Sr. Ramos no Expresso da semana passada, chocado com as visões do historiador Rui Ramos sobre o País.

Não, não vale tudo! Em Democracia não vale tudo.
TODOS OS LÍDERES FASCISTAS DO SÉCULO VINTE FORAM ELEITOS DEMOCRÁTICAMENTE. O QUE É QUE ISSO NOS ENSINOU?

SABEMOS  e o historiador também sabe que a democracia formal e não essencial, presa nos seus dogmas funcionais quando confrontada na negatividade das consequências das acções dos seus representantes simbólicos bunkerizados no Parlamento ( chamada sede de Democracia e eu a pensar que estaria essencialmente no seu suporte..., o povo, já agora votante... ) tende a confundir legalidade com legitimidade, coisa essa que só o cumprimento das promessas contratualizadas nas campanhas eleitorais exige, suporta; caso contrário há um desvirtuamento contratual de essência da legitimidade outorgada pelo Voto para governar.
Não fosse assim e teríamos,  de quatro em quatro anos, demolições permanentes do edifício construído pelas legitimidades e legalidades dos anteriores Governos e, tão certo como os tijolos, alguns deles notáveis e virtuosos dos governos Sócrates, estão a ser sacados do edifício Estado, pertença, é bom não esquecer, do Povo, amanhã, com o previsível governo-Seguro, acontecerá o mesmo.

Não, não vale tudo. Essa impunidade legal que o controlo do Poder, formalmente maioritário, por 4 anos não é, não pode ser considerado legítimo quando não é exercido, com ajustes pontuais e não contrabandeados, nos moldes acordados entre os candidatos e os votantes.

É conhecido o papel reservado às oposições no Parlamento e as improcedências das suas críticas e formulações legais junto do Poder executivo, seja ele qual for. E qual o papel do Votante?
" UIVAR ", BERRAR, VOCIFERAR o que se passa CÁ FORA no país real e legítimo aos doridos ouvidos do Poder e da sua corte as consequências perniciosas do que os cidadãos e não súbditos, estão a sofrer com as suas democráticas medidas, como se a sua imanação lhe desse esse carácter e ela não a fosse buscar na sua justiça.

Esse desprezo recorrente manifestado nos indexantes com que o sr. Ramos acopla às resistências democráticas faz apelo a um Pacto de Silêncio em redor das preclaras inteligências nacionais hoje no Poder e chantageia - nos com um suposto desconhecimento histórico do que estaria para vir se o Governo caísse. A má - fé é evidente e o historiador Rui Ramos sabe - o, sabe - o tanto como sabe que o futuro faz - se, não com identidades históricas fixas, pior, com regressões civilizacionais que, objectivamente, ESTE governo lidera. A reforma do Estado não pode passar por aí, está social, económica, ética e financeiramente ERRADO.

É isso que mudou em Mário Soares, sr. Ramos, já que pergunta... Não foram as circunstâncias históricas mas sim a sua perspectiva do TODO, do alto da experiência da sua Vida plena, da sabedoria não académica enriquecida de dentro para fora e de fora para dentro e que lhe permite uma visão não sectária e históricamente enquadrada do país que ele tão bem conhece. Sai, se possível, mais enobrecido nesse enriquecimento pessoal e político.

Não, em democracia não vale tudo e se tiver de valer, que a alma não seja pequena como aquela que hoje nos guia porque será preciso uma outra, aquela do poeta, e se tiver de valer tudo será feito..., hoje ou daqui a dois anos quando a ilegitimidade for ilegalizada.

E donde virá essa soberania?

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