terça-feira, dezembro 10, 2013

JORNAIS E BLOGS

A Conferência do Expresso dedicada aos Media e Comunicação juntou um bloguista, dois jornalistas/comentadores, um político e o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social ( ERC ).
Diz quem assistiu que houve animação e pelo que respiguei no Expresso passado, controvérsia, como se esperaria de um debate entre cidadãos com dois dedos de testa.
Como se falou de blogues e eu publico posts desde 2003 que ninguém lê, pormenor quase irrelevante para mim, ( podem falar de diletância, o que não corresponderia à verdade e seria uma constatação não fundamentada, apesar do meu aparente alheamento... ) já que, como o xadrez, é-me um exercício de escrita, de falar alto e de intervenção cívica e chega - me.
Voltando à Conferência, tudo o que foi dito por cada um dos protagonistas corresponde a uma parte da realidade nacional no que diz respeito aos jornais, aos jornalistas e aos blogues.
 O mau jornalismo apontado por Rui Rio, como um dos " responsáveis pela degradação do regime democrático ", a promiscuidade intriguista entre o jornalismo e a Política funcionando como correias de transmissão de interesses corporativos e políticos apontado por J.Pacheco Pereira, a falta de uma prática de sanções dos jornalistas, o que  lhes dá uma impunidade difamatória inaceitável, digo eu,destilada por fontes orais anónimas, apontada pelo presidente da ERC José Azeredo Lopes e finalmente a reclamação, apodada de absurda por JPP, de H. Monteiro do permanente escrutínio feito aos jornalistas pelo cidadão leitor, fizeram, juntamente com a acusação/aversão do M.Sousa Tavares aos blogues o pleno da substância do exposto.


Só que... e é aí que eu entro, subscrevendo quase ponto por ponto as opiniões expressas, com algumas questões. Afinal, o que é que distingue um jornalista de um bloguista ou um jornalista de um bloguista? A carteira profissional ou escrever num jornal ou jornal? Pacheco Pereira é um bloguista, um comentador televisivo, escreve em jornais e não terá a carteira profissional. Rui Rio, um POLÍTICO pode pôr textos nos jornais, basta querer e o M.S.Tavares só não bloga e acha que os bloguistas " estão a matar o verdadeiro jornalismo ", seja lá o que isso seja para ele. CONFUSOS? EU TAMBÉM...
Para começar, não concordo com M.S.Tavares com a generalização negativa e  abrangente que faz sobra a qualidade dos blogs até porque tinha ao lado um dos mais reputados, respeitados e meritório, por isso criticado, ( só a qualidade merece respeito... ) bloguista nacional.
Considerar que o www.abrupto.blogspot esteja a matar o jornalismo com a sua qualidade evidente, causa - me espanto pelo que de mediocridade e venalidade assistida lavra desse lado que, isso sim, estará a matar o jornalismo medíocre porque, contrariando JPP, o escrutínio EXISTE e faz com que, por exemplo este escrevinhador nunca tenha aberto, por exemplo, as páginas de alguns títulos mediáticos portugueses e também internacionais e nunca deixou de comprar semanalmente outros, como o Expresso.Porquê? Por uma questão de higiene mental, eventualmente a mesma que, apesar de não ter afastado totalmente MST da blogosfera ( só assim saberia eventualmente ajuízar do que por aí vai... )   o repugna.
Chamemos - lhe, para poupar espaço, de engulho elitista para o qual, aparentemente, qualquer jornalista, por o ser, mesmo escrevendo numa linguagem que desconhece, de uma redutora cultura humanista, falho de objectividade que os alinhamentos de toda a ordem condicionam, seria preferível à existência que o bloguista.

E sejamos sinceros, duvido que, apesar da apressada conotação diletante da minha actividade por aqui, que qualquer texto meu por aqui envergonhasse um jornal aonde fosse publicado, para acabar devolvendo, em defesa dos bons blogues, como o acima linkado, com fairplay de um admirador do bom jornalista que M.S.Tavares é, a sua frase recomposta - Por mim, diria que " ... O jornal é o barómetro de saúde dos jornalistas. E quando os jornalistas acabarem, como está a acontecer, duvido que os jornais sobrevivam..." e não " O jornal é o barómetro de saúde do doente. E quando os jornais acabarem, duvido que o jornalismo sobreviva ", como disse.

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