quarta-feira, fevereiro 19, 2014

UM DIA FRIO ( 4)...



ACAUTELEMO - NOS, POIS... com o CAUTELAR...,


... essa palavra mil vezes repetida no discurso político actual do governo e das oposições.

 A carga intencional, que de um ou outro lado da barricada carrega interpretações opostas e mesmo diversas, consoante o tratamento que ela tem tido, esconde a malícia contida na sua generalização/manipulação no universo eleitoral.

Ao Poder actual interessa o ruído e o susto induzido, numa perspectiva de marcação desviante da agenda política, enquanto vai fazendo passar nos interstícios da barulheira, leis socialmente criminosas, como as que esvaziam a presença do estado no interior do país com o fecho dos tribunais e com as novas disposições legais de suporte aos despedimentos. O governo  continua a demolição, com uma determinação implacável, enquanto os cães ladram sem morder.

Não há Oposição, sejamos honestos, há um conformismo atroz, uma estúpida e cobarde civilidade com quem precisa e merece um tratamento do mesmo nível de violência. Pelo contrário, encurralada no campo da Retórica narcísica e alarve, a Política, desdenhando e acautelando o confronto com os seus representados ( sê -lo - ão? ) mantém -nos à distância civilizada; a Democracia só deve sair à rua para votar e gemer nas manifestações, pacíficas e vigiadas pela própria matilha, enquanto a caravana assiste do alto a passagem dos arraiais.

A POLÍTICA como acção crítica e censória ao desbragamento do Poder, está a  morrer em toda a parte, num desvirgamento que a própria raça, em paragens como Portugal, acompanha com débeis lamentos, desde que depôs as armas em 1920 e os brandos costumes se tornaram a flor da lapela com que se enxotam maus pensamentos.
No entanto há convicções, há coerências, há civilidade, há marcas genéticas indeléveis, há programas a respeitar, há vinganças por cobrar, porque a Esquerda portuguesa actual, afinal ganha ao mito da Direita mais estúpida da Europa, lembram - se? no que à sua própria estupidez concerne.

Aqui, oh meu Deus tanta prosápia oca e coerências doutrinárias de partir o coco, e na Europa, o velho socialismo acompanhou o comunismo ao enterro e ficou por lá em meditação sobre a morte.
Portugal não tem Esquerda, não tem NADA de ideológicamente sustentável, tem personagens carregadas de manhas e espertas que nem raposas, peritas em navegações em mares revoltos que se vão sucedendo nos lugares de enchimento - Chega, agora é a nossa vez!... -, enquanto o Zé rapa o tacho, se quiser sobreviver, como o fazia antes da República, República essa que percebeu, então, que só há evolução no social.

Hoje, no país mais desigual da Europa, temos uma clique democrática no poder incapaz do entendimento das más leituras que os enformaram, se as houve, e que reduz as Riquezas das Nações ao enfoque primário do que a Natureza nos deu de sobra - o Individualismo.
 A batota está na distribuição das armas, Fisgas contra Canhões, Sem/abrigo contra Ulrich, Ignorância contra Educação, Saúde versus Fome, Privilégio contra Exclusão. É que o Mérito  com que os falsos prestígios enchem a boca e convicções, INSTRUI - SE , nas sociedades que se querem em desenvolvimento; o privilégio altissonante da Inteligência donde se quer acreditar a excepcionalidade deveria, deve provir da Educação, igualitária e não só da falsa liberdade de escolha, ela é que deveria ser a aferidora dos direitos da cidadania e das diferenças que qualquer sociedade exige para existir como tal. 
Enquanto a Esquerda nacional continuar a  exibir, ufana, uns os seus princípios, outros o seu oportunismo, e se recusa a ver o interesse nacional ( saberá, de facto, reconhecê -. lo?... ) a dar a mão snob no sentido de possibilitar uma convergência necessária, nunca mais será vencido o Pragmatismo biológico que a Direita apresenta como um programa, em toda a parte do planeta... e com relativo sucesso, convenhamos..., com IDEIAS, discutidas conciliarmente parágrafo a parágrafo.
Mesmo que nenhum líder político actual de esquerda concite o entusiasmo do eleitorado militante ou simpatizante de esquerda existe sempre uma projecção de revolta, de esperança, que a Esquerda não está a respeitar.
E FAZ MAL, até porque a coerência, também ela, está eivada de estupidezes e SABEM - NO.
Como também já deveriam ter percebido que o CAUTELAR é um balão de pré-campanha eleitoral que a Direita europeia não desdenha alimentar, por razões políticas óbvias e que se esvaziará em tempo oportuno.

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