quarta-feira, janeiro 04, 2017

MEMÓRIAS...

... OU PRESENTE CORIÁCEO

Nos idos 1984, Paulo Nogueira n' O Muro das lamentações, in VIDA, revista do defunto semanário Independente, glosava sobre o políticamente correcto de pechisbeque que afrontava, então, a Vida e os Media, contra o vernáculo impertinente.
Delicioso o exemplo, em resposta a um camionista, real ou imaginário, do rei português do século XVIII ( D. José I ou, como creio, o Marquês de Pombal ) , que, ao receber as credenciais do diplomata espanhol cujo apelido era « Porras y Porras », terá indeferido a nomeação com a seguinte justificação - Não é tanto pelo nome, mas pela insistência -.

A resposta ao camionista de desabrida linguagem foi um revisitar allegro das modas e modinhas linguísticas das épocas e a resistência bem - falante ao vernáculo, definitivo e definidor.
O metafórico  « par de estalos » a um cronista desbocado que levou à demissão de um Ministro da Cultura por pouco provocava, ao " apanhado " por um microfone soez em amena cavaqueira, Santos Silva, Ministro dos Negócios estrangeiros, a mesma sorte, caso a verbalização - feira de gado - atribuído ao ambiente de negociação na Concertação Social, fosse pública.

Ferro Rodrigues, o actual presidente da Assembleia da República, chocado com os contornos conspirativos de decapitação da Direcção do P.S., que rodeavam, em manipulação mediática através de fugas de informação cirúrgicas, pela investigação criminal do caso Casa Pia, troou - Estou - me cagando para o segredo de Justiça -, mais coisa menos coisa, foi, pela ameaça que representava na construção de uma Frente de Esquerda, obrigado a uma demissão pelo temeroso amigo que ocupava o cargo de Presidente da República.

" Em certas circunstâncias... ", dizia - nos Paulo Nogueira, o palavrão traz - nos um alívio inatingível até pela prece. Um - FODASS - a uma martelada num dedo daria melhor caução que o padre - nosso.
Que o diga a Pluma Caprichosa com a sua - FUCK 2016 - que eu subscrevo, a condensar todas as porcarias que, no dealbar do Ano Novo, ainda boiam resilentes até que consigamos mandá - las pela pia abaixo com o puxar do Global autoclismo do nosso alívio.

Aqui, ainda com o Paulo, as reticências supletivas não valerão um corno. O primado da acção eficaz está a desmoralizar a prática humanista em quase todas as paragens - Chamam - lhe Pragmatismo, Pós - Verdade, Globalização - .
As lideranças asiáticas, Turquia e Rússia incluídas, troçam da fraqueza humanista do Ocidente no aperfeiçoamento das relações humanas através da Democracia política e social e por não " fazer o que tem de ser feito ", o mantra da amoralidade, contra o que " deve ser feito ".
Os exemplos abundam e frutificam no políticamente incorrecto. De Erdogan a Putin, de BIBI a Duterte, de Trump à le Penn, as marcas ficarão pelo Ano que agora começa.

Resta saber qual é o « lixo » de que pretendem ver - se livres...

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