terça-feira, dezembro 19, 2017

CONTINUEMOS, POIS...

RARÍSSIMAS

Nunca dou por adquirido o que leio, ouço ou vejo na Comunicação Social a não ser numa perspectiva fenomenológica. Nunca faço julgamentos definitivos sobre o que considero importante, tendo sempre presente que o meu olhar e entendimento sobre as pessoas e as coisas são resultados de uma vivência, que embora partilhada com os meus semelhantes serão sempre unipessoais.
Penso que o cinismo generalizado da espécie resulta dessa presunção " de quem já viu tudo ", pelo que, tanto de uma perspectiva penitencial como inquisitorial, os ataques, ad hominem, ao sabor da boataria, me arrepiam.

Feito já o contraditório por quem se sentiu atacado por este caso, nomeadamente a presidente Paula Brito e Costa, entretanto auto - demissionária, o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS), padre Lino Maia, o, na época, presidente da Assembleia Geral das Raríssima, HOJE, Ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, e conhecidos os factos, os contextos, a cronologia e as explicações havidas, reitero a minha primeira impressão aqui dada - Um ajuste de contas - feito de boas intenções, mas falsas na sua fundamentação e alcance contra os alvos pretendidos e, por inerência, o mau funcionamento do Estado.

Sem nada de substancial a agarrar, já que o arrivismo deslumbrado é, não só condição de sucesso na política como a Burocracia, pelas costas largas, alberga todo o funcionamento do Estado actual como os do passado, a Oposição atirou - se a uma presa mais apetecível - o actual ministro do sector, Vieira da Silva na urdidura de uma relação causal e cúmplice de ... gestão danosa (!!!???).

Portugal transformar - se - ia num país de inspectores de polícia do cidadão para poder dar resposta às solicitações, não só da bufaria retaliatória, em tempo mediático, que as carradas de denúncias e queixas e queixinhas de virtuosos cristãos indignados veiculam.
Impossível à Burocracia desfazer esta teia pidesca sem fazer, também, de cada um de nós, um BUFO.

Antes de lançar o anátema pessoal seria preferível a crítica política e isso e sobre isso, seria preciso fazer um tratado etnológico que ninguém se atreve, sob o risco de ostracização social,  sobre o país que somos, sobre a tão cantada simpatia dos seus naturais. Cairia muito mal a queda do mito.
É que, dos famigerados tempos salazaristas, até hoje, a matriz comportamental lusa no que respeita ao malabarismo ético e moral continua a mesma. No fim de contas é da sua natureza.

Para mim, o arrivismo não é uma singularidade no universo humano, é - lhe a primeira natureza, faz parte da, como diria Husserl, intuição originária da espécie a qual se procura dar um sentido que depende inexorávelmente do nosso juízo, que, produto da consciência, só o pode ser sobre o existente. No caso, nada há de singular nesse fenómeno a não ser uma questão de grau e... sucesso.
Nesse processo, só uma perspectiva ética poderá desadjectivar a invectivação, a inveja e a maledicência serôdia.

Aparentemente, o clique iniciador do que se chama deslumbramento, que um sentimento de permissividade e ou impunidade, desperta, toca - nos a todos e só alguns, como eu, por exemplo, ( tinha de dizê - lo, a minha snobeira... ), continuam surdos ao seu chamamento. Aos outros, a naturalidade e presteza na compreensão do fenómeno atesta a sua quase universalidade.

Posto isto, o que fica? Quase que... much ado about nothing, se não estivesse em discussão a descredibilização irresponsável de um importante sector da sociedade.

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