segunda-feira, dezembro 04, 2017

O APRENDIZ DE FEITICEIRO ( 2 )


Mário Centeno

Dois anos se passaram desde que, por aqui, prefaciei a enorme dificuldade que o académico e burocrata do Banco de Portugal iria enfrentar, no plano político e como político, na demolição da T.I.N.A. e no enfrentamento previsível com as reivindicações dos partidos apoiantes da solução negociada de governo pelo Partido Socialista.

Aprendiz de feiticeiro que, em dois anos fez o mestrado e o doutoramento político, com distinção. Da sanha da Teodora, das reservas do Eurogrupo e das invocações diabólicas do ex - chefe do governo da Direita, Passos Coelho já não restam nada. Tanto é assim, que a Oposição baixou os braços e as vénias vieram de um lugar inesperado - o Eurogrupo - de que corre o risco de vir a liderar, num dos momentos que se pretende de mudança na ortodoxia da U.E.

Afinal, a T.I.N.A. obsoleta sempre foi uma " ideia perigosa ", como diria Mark Blyth, que só trouxe empobrecimento aos países que lhe sofreram os azeites

Veremos, se e quando for eleito, se o uso do doutoramento político desses dois anos de governação lhe tenham dado tarimba e crédito político, que o técnico já tem de sobra, para as difíceis negociações com os seus pares da U.E.

Por cá, essa possibilidade tem sido vista com um misto de orgulho e esperança por uma refundação conciliatória da política da U.E. com os seus cidadãos na qual Centeno teria uma palavra a dizer e o pessimismo da Esquerda dura em qualquer mudança qualitativa da função restritiva do Eurogrupo.

Por outro lado, apesar de se " respirar ambiente político de fim de festa ", como nota pelo absurdo, Daniel de Oliveira no Expresso, não creio que nada de substancial em relação à política económica e financeira do Governo português vá sofrer grandes abalos com a possível " ausência " do seu controlador - mor. Mais danos mediáticos do que a desconjugação dos interesses transpostos na geringonça farão as resistências do Bloco de Esquerda e do P.C.P em troca do reforço dos seus capitais políticos, paradoxalmente endossados ao Governo PS de que indirectamente fazem parte.
Até porque,ainda com D.Oliveira, não têm muita razão de queixa, pelo contrário, face ao " mais redistributivo Orçamento do Estado " de cuja memória tem ele e nós.

Sem comentários: