sábado, fevereiro 02, 2008

" Tenho muito medo de ti, Zé - Ninguém, um enorme e profundo medo, e nem sempre foi assim. Eu já fui como tu...Hoje, como cientista e psiquiatra, sei ver que és doente e perigoso na tua doença. Aprendi a reconhecer o facto de que é a tua doença emocional que te destrói minuto a minuto, e não qualquer poder exterior. Há muito já que terias suprimido os tiranos se estivesses vivo e são no teu íntimo. Hoje em dia os teus opressores vêm das tuas próprias fileiras, tal como outrora vinham dos estratos mais altos da hierarquia social. Ainda são mais medíocres do que tu,Zé - Ninguém. Porque tendo conhecido por experiência a tua miséria, é necessária, é necessária muita mediocridade para utilizar esse conhecimento com vista à tua supressão ainda mais perfeita e eficaz.

Tu não tens sequer a capacidade de reconhecer umhomem verdadeiramente grande. O seu modo de ser, o seu sofrimento, as suas aspirações, raivas e lutas em teu nome são - te completamente alheias. Nem sequer entendes que existem homens e mulheres incapazes de te explorar e que genuínamente desejam que sejas LIVRE, real e verdadeiramente LIVRE. Nem te agradam porque são de outra natureza. São simples e directos; para eles, a verdade corresponde às tuas tácticas. Vêem-te à transparência, não em derisão, mas em mágoa pelo destino dos homens. Só os aclamas , Zé -Ninguém, quando muitos outros Zés Ninguéns te dizem que que esses grandes homens são grandes..."
- Wilhelm Reich

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