Bastas vezes tenho ouvido referir-se em Portugal aos " problemas " da classe média e do sufoco que a crise tem provocado no seu projecto de vida e nas suas aspirações.
Confesso que isso me tem deixado confuso, já que em Portugal a classe dominante é a PEQUENA BURGUESIA e é ELA que se tem queixado e aproveitado, como sempre faz, quando a classe operária obtém pela suas lutas qualquer melhoramento das suas condições de vida, e alia-se à classe dominante quando perspectiva ganhos à sua condição de classe intermédia e ideológicamente amoral. É o famigerado Centrão onde em termos eleitorais tudo e nada se resolve dadas as suas oscilações oportunistas num espaço ideológicamente inconsistente e sem projecto politico próprio, como oportunamente caracterizou - o Lenin.
Considerando que ela, a classe média terá um projecto de vida que se caracteriza pela ideia de os filhos virem a ter uma vida melhor do que a dos pais, compreende - se a frustração que a diminuição progressiva dos seus rendimentos acarreta em termos de Fé e Esperança nessa projectada ambição.
O que não se compreende é que esse projecto pessoal, perante dificuldades repentinas ou esperadas que as Reformas por ela exigidas transportam, ou as consequências do seu modo de vida provocam, se sinta de tal maneira bloqueado que se vire repetidamente contra o Estado, que até ver é a única força que impede que ela seja definitivamente engolida pelo Capital para cuja engorda ela tão diligentemente contribuiu e contribui.
Um paradoxo inquietante, de facto, ver que os projectos pessoais mais não são que meras, supostas " imaginações " sobre uma realidade que não é tida nem achada na projecção dos seus ideais porque demitiu - se de a transformar: - alguém o fará por ela , no caso, o Estado.
Mas da mesma maneira que se opõe, como Lenin reparou, às intervenções do Estado, socialista ou capitalista, no sentido de criar uma sociedade igualitária e livre de privilégios, vive e sobrevive dentro do próprio Estado, sem projecto próprio de classe, nas margens das suas oscilações interesseiras, egoistas e oportunistas que o sistema criado por ELA, pela sua expressão em NÚMERO criou.
Que seja capaz de, ao menos com a Numeralogia, apoiar um projecto Colectivo que até ver tem andado a preparar afanosamente o Futuro e não se deixar levar em cantos de sereias, e verá que, já que assim escolheu, fará bem.
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