terça-feira, fevereiro 27, 2018

PRAGMATISMO E IDEOLOGIA (2)

( CONTINUEMOS )...

Acontece que, sendo o Bom-Senso um exercício limitado da Razão ele costuma estender - se ao comprido em contumácia. Eficaz em situações de black or white, quando se lhe deparam contextos complexos tende a reduzir - se ao instinto, à lógica da sobrevivência, liberto pois de considerações éticas paralisantes.
Somatório dos bons-sensos, nem sempre é maioritáriamente esclarecida, passe a contradição retórica, na defesa de interesses maioritários, que se confundem com os próprios.

No Portugal de hoje, muita gente anda a reflectir já sobre o uso do seu bom-senso na próxima vez que for chamada a exibi -. lo nas eleições.
A situação política recebeu um novo impulso, quer se goste ou não, com a entrada em cena de um novo joker, Rui Rio, que, enfrentando à partida uma oposição já declarada dentro do seu partido, parece pouco impressionado, aparentemente, com a oposição sulista e elitista de Lisboa e lança pontes de ligação patrióticas à mesa do regime, em nome de reformas inadiáveis para o país.
Sendo as prioridades aparentemente comuns e o interesse nacional consensual, a virtude política das propostas parece ser insofismável.

Contrariando o optimismo de alguns analistas, penso que o Partido Socialista, nomeadamente o primeiro - Ministro, António Costa, tem um caminho armadilhado pela frente, com esta Oposição tão civilizada.
 Opôr ao pragmatismo ideológico uma ideologia pragmática, conciliar a macropolítica europeia com a política caseira presa a compromissos, que a pressão dos parceiros de Esquerda torna inadiáveis, poderá, eventualmente, fazer do P.S. o partido charneira do país e, paradoxalmente, a raiz de todos os males da Pátria ou o seu salvador.

Rui Rio, para os optimistas, se como pensam possível, conseguir " desmantelar " a geringonça, verá regressar ao redil as ovelhas tresmalhadas do seu partido, que ora conspiram, e unificá - lo, cimentando as suas hipótese de enfrentar o P.S. nas urnas.

Catarina Martins, a coordenadora do Bloco de Esquerda, ou se aproxima do P.S., correndo o risco de assimilação com a eventual entrada num governo socialista ou terá de radicalizar as " cobranças "do seu apoio a esta solução governativa, separando as águas, de volta às origens.

Jerónimo Martins, o líder do Partido Comunista, sentiu já, injustamente, os custos do apoio patriótico a este governo. A perda de bastiões muito importantes no imaginário político nacional em favor do P.S. pôs em alerta o partido que ainda procura encontrar a melhor maneira de se enquadrar, sem penalizações excessivas, no quadro de bloqueio ao regresso da Direita ao Poder e ao risco de ajudar à possibilidade de uma maioria absoluta por parte do P.S. nas próximas eleições.
O seu pragmatismo ideológico foi eficaz na construção da solução que derrubou a PàF, coligação de Direita, Agora será a vez de uma ideologia pragmática a sopesar os prós e contras do investimento na geringonça.

Uma coisa é certa e outra incerta. Sairão a ganhar os MEDIA com a dinamização política que  se avizinha. Títulos, intrigas e análises não faltarão, assim como a dissimulação, a mentira e o cinismo; nada de novo. 
Quanto ao país, tanto está bem com Deus ou com o Diabo. Ele, sim é pragmático e... sobreviverá, no progressismo ou... não. No fim de contas, um povo sábio e... manhoso, q.b.




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