segunda-feira, fevereiro 26, 2018

PRAGMATISMO E IDEOLOGIA

PRAGMATISMO versus IDEOLOGIA

UMA FALSA QUESTÃO?

Sem querer entrar numa discussão filosófica sobre a clarificação dos conceitos que o Tempo invariávelmente esboroa, e numa hermenêutica ontológica e historicista sobre as suas origens, limitar - me -ei a reduzi - los à visão lexical, cuja extensão e compreensão lhes darão maior amplitude.

Pragmatismo sem Ideologia é pusilanimidade, Ideologia sem pragmatismo é diletância. Pragmatismo é acção, Ideologia é reflexão. Um e outro sofrem juízos éticos que fundamentando - os ou deplorando - os, lhes dão o carácter conflitual que resulta da sua interpenetração processual.
A grosso modo, essa tem sido a visão corrente, por outras palavras, que o Senso Comum tem consagrado na abordagem crítica, benévola ou malévola, do pragmático e do idealista.
Sendo o Pragmatismo um meio para a acção com o qual se confunde como praxis, e o Idealismo uma reflexividade intencional, faz do primeiro uma ideologia prática e do segundo uma racionalidade pragmática.
No desprezo pelo pragmatismo perde - se de vista a organização racionalizada e da negligência ideológica sobressai a derrocada ética e a objectividade social dirigida.

Este prefácio vem a propósito das mudanças que antevejo na entrada em cena de um actor político que deseja conciliar, com uma matriz ética, um e outro.
Falo de Rui Rio o novo presidente eleito do Partido Social Democrata português.

A junção do processo com a finalidade fá - la a Política. E é à política que quero chegar.
Com o esvaziamento, decretado pela distopia fukuyana, da Ideologia, crê - se ocupado esse espaço com a gestão pragmática/materialista da Burocracia, do statu quo, na macropolítica, no Estado e Corporações, gerindo ad hoc o excedentário conflituoso do laissez faire, na micropolítica.

Filhos do Bom Senso político na criação do Estado e da sua relação com a urbe, tanto o Pragmatismo como a Ideologia, oscilará sempre, em agudeza, para uma preponderância consoante as circunstâncias históricas e a ocupação do Estado por um essencialmente pragmático ou por um idealista racionalizado.
Daí, consoante as prioridades, se lhe definirá o rumo, progressista ou conservador, social ou mera e formalmente representativo da nação ocupante de um espaço geográfico.
A aferição pela nação, em Democracia, das soluções propostas para a definição do sistema em que quer viver, faz - se pelos resultados que à experiência pragmática vai buscar, num contínuo processo de tentativa e erro.
Em Democracia, assim funciona o Bom Senso. A exclamação global desse juízo faz - se pela votação e o seu resultado, repartido, remete - nos, quase sempre, para o perfil de expectação, de aprovação ou repúdio dos governados, durante o tempo de vigência da aplicação da receita política, da dose certa da Ideologia pragmática ou de Pragmatismo ideológico.

( continua... )

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