quinta-feira, junho 28, 2018

TIRANIA DA DECÊNCIA...(?)

MEDITERRÂNEO


                                                               de Giuseppe Lami

... Chamou Roth ao que na Europa se chama, erroneamente, enfatiza ele, puritanismo americano, referindo - se na sua magnífica aguarela forte - A mancha Humana - , sobre uma normalidade nacional caleidoscópica, onde o ser - se americano é e aparenta continuar a ser uma emulação à volta de um símbolo identificador - a sua bandeira - mais do que uma identidade nacional reconhecível na sua diversidade histórica, dramàticamente desfasada.

Veio -me à memoria esse notável analista da alma humana que foi Roth, ao deparar - me, sábado passado, num texto do semanário Expresso sob o título - Menos Moral, mais Política - de Daniel de Oliveira, sobre os problemas logístico/políticos que os Direitos Humanos - a decência - enfrentam nos países solicitados pela vaga migratória que, nos últimos anos tem assolado o planeta.
Razões políticas, económicas, mafiosas, niilistas ou... porque sim, têm empurrado milhares e milhares de pessoas de todas as classes etárias numa deslocalização em massa rumo a outros teritórios vistos como paragens menos inóspitas às suas aspirações de futuro.
A Globalização, a Nova Ordem Mundial que Bush e títeres europeus indecentes implementaram ao levar o caos ao Oriente - Médio, está indelévelmente ligado a esta nova vaga migrante.

Voltando ao texto de Daniel de Oliveira, houve um parágrafo que me incomodou - Não basta defender um princípio, é preciso calcular as consequências políticas do princípio que defendemos -
Todo ele, o parágrafo,( sem um ponto de interrogação, que não teve... ) pode ser brandido por qualquer político e generalizadamente por qualquer cidadão. E, sem embargo, interrogativo, que não predicativo, uma pista reflexiva sobre qualquer tratado de Ética, e resumidamente na conjugação da ética das convicções e da ética dos compromissos de Weber.

Porque é de convicções ético/políticas versus compromissos ético/políticos que se trata. Impossível, a nível de decisões políticas a sua separação em nome de logísticas. Se o comprometimento, se pessoal teria o alibi da dissolução na decisão política, o contrário não seria admissível, de todo, pelo que representaria de uma involução civilizacional com o seu cortejo de horrores a marcar - lhe o trajecto.

À coerência com os Direitos Humanos - a Decência - que o Ocidente defende ( a referência geográfica é preguiçosa e não se quer ofensiva... ) e pratica na sua liberdade democrática opôr - se - ia a racionalidade pragmática da política, nacionalista, federalista ou... porque não, fascista, em nome da avaliação das consequências.

Às consequências políticas visíveis, que a resistência às migrações, nos USA e na Europa vêm traduzindo, no reforço da representação eleitoral oportunística da extrema direita xenófoba e racista, só há um caminho, que a Decência, primeiro, e a Racionalidade Política, inconsequente sem ética, depois, e em marcha acelerada, terão de pôr em andamento - Cuidar dos que chegaram e criar um processo activo, fora das suas fronteiras, de abrandar a vaga e... controlá - la.
Em casa, intransigência total com a barbárie, dos que chegaram e dos nacionais. Sem contemplações. Governar também passa por aí...

Se no processo político, o dos compromissos, a Europa, manietada na estrutura que criou e não funciona como deveria, patina melancólicamente, no processo emocional instintivo do acumular do medo da invasão "bárbara" ( Roma foi uma lição... ), nos USA a liderança parece não ter dúvidas. Eventualmente eficaz no altear dos muros da rejeição, só pôde pôr - se em marcha com um proto - fascismo elementar.
Mais sofisticada, a Europa ainda vai recusando a mimetização yanque. Até quando?

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