sexta-feira, abril 26, 2019

BEM...

... RECOMECEMOS

Atirado, de novo, com Ficções, aos braços do Borges de leituras longínquas, a redescoberta do vício de cismar, reflectindo sobre o inominável plantado nas palavras e conceitos com que nos digladiamos, a Torre de Babel do nosso descontentamento adquire, paradoxalmente, uma cor viva " a tal... " - Somos todos estranhos um do outro.

Neste planeta superpovoado, a dimensão dessa estranheza que a cibernética vai plantando nesta certeza está a tornar - se avassaladora.

A rotineira mediocridade das nossas vidas, pessoais, políticas, ideológicas, configura - se -me como uma defesa ao indefensável - fatalmente, este mundo que é o nosso, ruirá. Está escrito no tempo.

Ruirá para mim, pois que, concedo, as estranhezas com que, cada vez mais rápido, ele me vergasta e ao meu estupor diário, vão avisando do fim de um tempo, o meu.
O meu lento afastamento físico, e a " exaustão " mental com que uma realidade em aceleração turvou o meu olhar, incompatibilizou -me com o meu tempo, como acontece com todos os que já estão no terceiro patamar de partida.

Voltemos à Terra...


Por onde começar? Joana d'Arc?


Leio e pasmo que a Escola Tàber de Barcelona censurou perto de 200 livros infantis da sua Biblioteca, atribuindo - lhes um carácter maléfico, sentenciado por uma visão sexista, homofóbica, masculinizada, misógina, que não respeita os " ares dos tempos actuais " e ofende a (des)ideologia do género.

Um exemplo que parece ter seguidores no resto da Espanha e, se a moda pega, ao resto dos países civilizados. Capuchinho, Branca de Neve, Bela Adormecida e muitos mais, que não passaram pelo crivo de uma Comissão ad-hoc, foram catalogadas como inadequadas para as crianças.
Toda a nossa história, o nosso imaginário infantil que ainda ecoa nos nossos neurónios, terá sido visto como uma trágica circunstância que terá moldado os homens e as mulheres de hoje; dos outros géneros, produtos genuínos do fastio civilizacional do século XX, acredita- se que por geração espontânea, urge criar um imaginário outro. É o que está em marcha...

Irão reescrever a História e apagar dela todas as belas e competentes bruxas nossas avós, de Hatshepsut a Cleópatra e Catarina ( enumerá - as seria fastidioso...) e adoptar de vez as santas d'Arc?

Ínvios estão a ser os caminhos do apoderamento e breve a chamada " fadiga da compaixão " moldar - se - à para coisas outras ( o advento da extrema - direita configura- se -me uma reacção ainda não abertamente declarada na "guerra dos sexos "...) que não o companheirismo cúmplice e racionalmente civilizado da masculinidade, isso mesmo, da masculinidade, a única força capaz de defender todos os géneros.

Uma cretinice pegada que ameaça, através do contrabando do políticamente correcto na higienização das palavras e... agora da História, as conquistas das mulheres pela sua dignificação pessoal, como PESSOA e não como género.

Sem comentários: