sexta-feira, maio 08, 2009

OCIDENTE -TOTALITARISMO ou DIRECÇÃO DO ESPÍRITO?



Nenhuma novidade tirou este céptico ocidental da leitura de Pol Droit - O que é o Ocidente?

Habituado a " bojardas sociologistas ", contava com uma leitura dogmática sobre a superioridade da cultura ocidental em confronto com as OUTRAS.



Felizmente nada disso aconteceu e reforçou -me os conceitos da Sua ( do Ocidente ) formação histórica, da Sua face gloriosa e da Sua zona tenebrosa. Interiorizou com mais profundidade a convicção da justeza dos Seus conceitos e das Suas patologias e continuou a ABOMINAR o abastardamento que a Sua hipocrisia tem provocado na sua evolução espiritual.

Também confirmou (!!!? ) que estaria Aí a raíz da Sua crise, tão natural como a tensão que lhe provocou a descida da árvores e a visão do mundo dos Outros que a Sua Técnica lhe proporcionou.



O Ocidente será como conclui Pol Droit " uma direcção do espírito " e não a sufragação da Sua superioridade técnica e da Universalização perante os outros novos bárbaros dos seus conceitos de existência. Deverá ser um exemplo a propôr e não a impôr, abrindo -se às outras Culturas como um mundo aberto que a Sua História apregoa.

Mas...

Nietzsche já dizia que o Homem moderno, à medida que vai perdendo a sua capacidade de avaliação perderia também a sua Humanidade, que não é mais do que a solidariedade de espécie, digo eu.

A unidade, o ponto de referência sobre o qual o Ocidente, particularmente com os Iluministas, se baseou - o indivíduo - criou, para mim, um paradoxo inevitável e uma tensão permanente com a universalidade dos valores propostos então. Se é sobre o individual que a sua universalidade se exerce e faz sentido, a permanente crítica e dúvida que sobre eles se desabou até hoje, levou ao seu esgotamento, naquilo que Droit chamou de patologias do Universal e acrescento eu, do Indivíduo, o abismo de Nietzsche.
Este declive obrigará Narciso a outro direccionamento do olhar. O Indivíduo e a Liberdade, então sacralizados, estão na origem da patologia universal; os conceitos, eles mesmos, biológicos na sua essência entraram em conflito entre si e estão na origem dos conflitos com os outros e com os OUTROS.

Impossível mudar o que quer que seja enquanto essas condições continuarem a ser O DIREITO, base de qualquer política.
A mudança de paradigmas terá de ser muito mais profunda. A base terá de ser deslocada ou então terá de ser outra e superior ao EU.

Os falhanços históricos aconteceram em circunstâncias únicas e específicas da vida do Planeta e dos povos e não se repetirão as condições que os proporcionaram, mas os êrros, já diagnosticados poderão ser emendados e hoje em pleno século XXI nada nos impede de pensar que a Utopia seja possível. Bastaria que a nossa capacidade de avaliação voltasse a funcionar em Racionalidade, Ética, Humanidade?

Referências - o Homem só funciona capazmente com referências que respeite. A Técnica - o novo Deus - exige domínio, não reverência, e o Homem que a cria tem de estar à sua frente e não a reboque das suas consequências indutoras. Não serve!
O mundo cibernético, o mundo dos engenheiros será funcional e burocrático mas sem alma, já que mesmo aí, onde a inerrância parece não ter lugar, o indivíduo continua a ser o Individual-Universal, um paradoxo universal.

Sem comentários: